Sunday, 23 February 2014

Francisca (English version)

Today I saw a video called "Cuerdas" that in Spanish mean ropes.
It's a Spanish short film that won the Goya Award in 2014 and left me in tears from the start because I remembered Francisca.

My mother worked for EDP which is the Portuguese Electricity Company and she worked there for many years. Therefore, me and my brother were entitled to Summer Camps that were to 6 year old children up to 16 years old. I am fortunate to have gone every single year. Those two weeks were always lived to the fullest! Sometimes we went with friends from previous years and with whom we exchanged letters during the year (no e-mails back then) and matched up the where and when we wanted to go the year after.

There were several Summer Camps  throughout the country, Castelo de Bode - which is a part of the country - was definitely my favorite and I went for 3 or 4 years in a row. Castelo de Bode had a characteristic that was the only one we could go more than once and (depending on age), we could go to the area with tents or villas.
The villas were for the senior year and it was unforgettable for all the right reasons. I knew it was the last time that I would have that experience and my summers would never be the same, because we had more freedom, because the curfew was always later and because there was always a way to sneak out and go for a fag Lol

I had just turned 16 (my birthday is in July), was on vacation from my 1st year in Antonio Arroio (High School) that had been quite intense in every way and was starting to live my life as a young adult.

But I'm diverting a bit. This often happens when I'm writing. Twists and turns to other topics and then have to focus to go back to the beginning. It always makes sense but when I write there is something that takes over me and I talk about everything and anything lol

Well, back to Francisca. That Summer (cannot remember if it was in Castelo de Bode or Árvore, which is another Camp), one of the projects for the day was to do volunteer work. There was a bit of everything but I chose to go to the hospital for newborns to help nurses. Me and another girl who was also called Sofia.
I do not remember what time we arrived, I do not remember how we were presented to nurses, I can’t remember precisely nothing! It’s blurry in my memory. I remember that I met a newborn baby girl named Francisca who had been abandoned by her parents at the hospital and had cerebral palsy. There were tubes everywhere and it's was through one of those tubes that Francisca was fed.

My mother always tried to protect me from certain things. I was (and still am) easily impressionable. There are things that shock me too much and I keep dwelling on that on and on and on. It is a trait of my personality. This was one of those situations.

I was (if I remember correctly) about 13 years at the time and I had never seen anything like that. And to see such a tiny baby, so helpless and to know she had been abandoned was being confronted with a painful reality that just seemed way to harsh to even be true. Result? I didn’t leave her for even a fraction of second.

I could not get away for a single second and spent all day stroking her, looking at her, ensure that the diaper was clean and whenever I heard a strange beeping from the machines I panicked and immediately called a nurse. Then came lunch time and I didn’t went. I didn’t want to eat. I knew my time was limited and therefore I couldn’t waste it on food!

Deep down I had a secret hope that the parents of Francisca suddenly appeared and saw in her the beauty that Sofia and I had seen! I didn’t want to miss that moment that, unfortunately, did not happen. That day ended with tears. I didn’t want to leave, did not wanted to be away from Francisca and this story quickly spread throughout the Camp. We were divided into teams and mine was especially careful with me at that stage because I wasn’t emotionally able to cope with the situation. Sofia was the only person who could understand what I was feeling!

It is curious that has seen this movie today because lately I've been thinking a lot about Francisca. Actually, I thought about her last night and did my math. I am 30 years old. Francisca will be 17 or 18 by now. And I know nothing of her.
When it was time to go back home, it was given us a book with the names and addresses of participants and where we could write dedications to each other. I don't know where mine is but what Sofia wrote, it might was well be written on solid rock as it's marked in my mind “Don't you ever forget: Francisca will always be ours."

I know how much I love my daughter and how much I loved Francisca that day and during my life until today. Even away, even not knowing anything and even not having contributed anything to her life. I judge no one but I cannot understand how anyone could have chosen not to have that little angel in their lives.
This video made ​​me cry and made ​​me wish that Francisca was hopefully fortunate to have had a Maria in her life and wherever she is that she is loved and able to smile.

Check out the video. It is 8 minutes length but I promise you that they are worth it. Really shows the best that there is in humans.






Francisca

Vi hoje um vídeo que se chama “Cuerdas”.
É uma curta-metragem em Espanhol que ganhou o Prémio Goya 2014 e deixou-me em lágrimas desde o início porque me lembrei da Francisca. 

A minha Mãe trabalhou para a EDP durante muitos anos. Por esse motivo, eu (e o meu irmão) tínhamos direito às Colónias de Férias que eram desde os 6 aos 16 anos. Tenho a sorte de ter ido todos os anos. Eram duas semanas sempre vividas ao máximo! Algumas vezes íamos com amigos dos anos anteriores e com quem trocávamos cartas durante o ano e combinava-se o turno e o Campo para onde queríamos ir no ano seguinte.

Havia vários Campos espalhados por todo o País, Castelo de Bode foi sem dúvida o meu favorito e que repeti por 3 ou 4 anos. Castelo de Bode tinha a característica de podermos repetir e (consoante a idade), podíamos ir para a zona das tendas ou para as vivendas. 

As vivendas eram para os do último ano e foi inesquecível por todos os motivos. Porque sabia que era a última vez que iria ter aquela experiência e os meus Verões nunca mais seriam os mesmos, porque tínhamos mais liberdade, porque o recolher era sempre mais tarde, porque havia forma de nos escapulirmos e irmos fumar às escondidas. 
Eu tinha acabado de fazer 16 anos (faço anos em Julho), estava de férias do meu 1º ano na António Arroio (que tinha sido bastante intenso em todos os sentidos) e estava a começar a conhecer o Mundo.

Mas esta entrada no meu blog não é por isso e estou a desviar-me um bocado. Acontece muita vez quando estou a escrever dar voltas e mais voltas por outros assuntos e depois tenho que me focar para voltar ao início. Faz sempre sentido mas quando escrevo, há algo que toma conta de mim e falo de tudo e mais alguma coisa.

Bem, voltando à Francisca. Num dos Verões em que estive na Colónia de Férias (não me lembro se foi em Castelo de Bode ou em Árvore), um dos projectos para aquele dia era fazer trabalho voluntário. Havia de tudo um pouco mas eu escolhi ir para o Hospital para os recém-nascidos ajudar as enfermeiras. Eu e outra rapariga que também se chamava Sofia.

Não me lembro a que horas chegámos, não me lembro como é que fomos apresentadas às enfermeiras, não me lembro rigorosamente de nada! É uma névoa na minha memória. Lembro-me sim que conheci uma bebé recém-nascida chamada Francisca que havia sido abandonada pelos pais no Hospital e que tinha paralisia cerebral. Havia tubos por todo o lado e um deles era por onde a Francisca era alimentada.

A minha Mãe sempre me tentou proteger de certas coisas. Eu era (e continuo a ser) facilmente impressionável. Há coisas que me chocam demasiado e eu fico a matutar naquilo e não saio dali. É um traço da minha personalidade. Esta foi uma dessas situações.

Eu tinha (se não estou em erro) cerca de 13 anos. Nunca tinha visto nada deste género. E ver uma bebé tão pequenina, tão indefesa, naquela caminha e saber que havia sido abandonada foi ser confrontada com uma realidade dolorosa de mais para ser verdade. Resultado? Já não arredei pé dali.

Não consegui afastar-me por um único segundo e passei o dia a fazer festinhas à Francisca, a olhar para ela, a garantir que a fralda estava limpa, quando ouvia um bip estranho das máquinas, entrava em pânico e chamava logo uma enfermeira. Chamaram-me para o almoço, não quis comer. Sabia que o meu tempo era limitado e não o podia desperdiçar com comida. E no fundo, eu tinha a secreta esperança que os pais da Francisca aparecessem arrependidos e que vissem nela a beleza que eu e a Sofia vimos. Não queria perder esse momento que, infelizmente, não chegou. Esse dia terminou com lágrimas. Eu não queria ir embora, não queria deixar a Francisca e rapidamente essa história se espalhou pelo campo. Estávamos divididos por equipas e a minha foi especialmente cuidadosa comigo nessa fase porque eu não estava a conseguir lidar emocionalmente com a situação. A Sofia era a única pessoa que conseguia perceber!

É curioso que tenha visto este filme hoje porque ultimamente tenho pensado imenso na Francisca. Na verdade, pensei nela ontem à noite e fiz contas. Eu tenho 30 anos. A Francisca terá 17 ou 18. E eu não sei de nada dela.
No final do turno nesse Verão, era-nos dado um livro com o nome e a morada dos participantes e onde podíamos escrever dedicatórias uns aos outros. Não sei onde está o meu desse ano mas o que a Sofia me escreveu nunca me esqueci “Nunca te esqueças: A Francisca será sempre nossa!”

Eu sei o quanto amo a minha filha, e o quanto eu amei a Francisca naquele dia e durante a minha vida até hoje. Mesmo longe, mesmo não sabendo nada e mesmo não tendo contribuído com nada para a vida dela. Não julgo ninguém mas não consigo compreender como é que alguém pode ter optado por não ter aquele anjo nas vidas deles.



Este vídeo fez-me chorar e fez-me desejar que espero que a Francisca tenha tido a sorte de ter tido uma Maria na vida dela e que onde quer que ela esteja, que seja amada  e que sorria.

Vejam o vídeo, são 8 minutos bem investidos e mostram o que de melhor há no ser humano.




Thursday, 20 February 2014

Bebidas, comida e condução.

Hoje é quinta-feira. Desde terça que se fala no trabalho que “sexta-feira” vamos sair. Estamos todos a combinar uma saída depois do trabalho. A cultura dos pubs em Inglaterra é algo como nunca vi antes.
Em Portugal ouve-se "Vamos ao café ou à esplanada?", e aqui: "Wanna go for a pint, mate?" :)

Vamos começar pelas doses. Em Inglaterra, seja num pub do bairro (aqui é tipo cogumelo, há um em cada esquina), seja num bar, seja numa discoteca, quando alguém pede uma bebida (exemplo: Whisky/Cola) a pergunta é sempre: Single or Double?

Em Portugal, o barman/barmaid pega no copo e aquilo vai aos 40% álcool, 60% sumo. Vá, se forem amigos, normalmente atestam mais um bocadinho Lol Mas aqui são utilizados doseadores e aquilo vai ao milímetro! Um single (25ml) custa em média 4£ e um double (50ml) cerca de 5/6£. Depende do sítio e depende do dia da semana. Ao sábado é, geralmente, sempre mais caro.

Para além destes singles, há também as sidras. Para quem não sabe o que é sidra, é uma bebida fermentada e à base de maçã. Eu nunca tinha provado antes, quando a cheirei a primeira vez cheirou-me a mijo (a sério, desculpem lá a expressão mas o cheiro ultrapassava o conceito de xixi ou urina, aquilo fede mesmo!) e ainda resisti durante um tempo a experimentar por esse motivo. Mas acabei por fazê-lo. Tenho que admitir que é, de facto, bastante agradável. Há Sidra normal (apenas fermentada de maçã) e há com vários sabores, desde pêra, frutos vermelhos com lima, morango, cereja… Se vierem a Inglaterra e quiserem experimentar, já sabem J

Os pubs servem também refeições. Normalmente caseiras, com preços acessíveis e boas. A comida em Inglaterra (face aos ordenados) é barata e é mais barato comer fora de casa do que preparar a nossa própria comida… Em todas as prateleiras, em todos os supermercados, hipermercados, literalmente, em TODO O LADO há comidas pré-preparadas e para todos os gostos. Comida indiana, empadas, massas de todos os feitios, comida vegetariana, weight-watchers (para quem tenta manter a linha)… É só escolher. Fruta é vendida em quase todo o lado à peça e não ao Kg. No outro dia paguei 40pence por uma maçã! A qualidade da fruta e dos vegetais é muito diferente da nossa, apercebi-me disso assim que cheguei e é das coisas que mais falta me faz.

No outro dia fui à ASDA, que é uma cadeia de hipermercados (aberto 24h/dia), onde todos os dias há promoções ridículas, e comprei uma caixa de caril de frango por 1£. Isto só para dar um exemplo. Também comprei uma caixa com 10 falafel (pronto a comer) por £1,85, e um pacote gigante com 10 saquetas de batatas fritas por 60pence. 1£ equivale a cerca de 1,20€, para terem uma noção.
Bolachas e uma caixa com 5 donuts por 50pence, um pacote de leite 4pints (cerca de 2,5L) por £1 e estamos a falar de leite do dia…
E a qualidade não é má! Mas por ser tudo pré preparado, a grande maioria dos Ingleses tem tendência a ter um pouco de peso a mais. Mas pronto, há outras coisas como o Fish and chips (delicioso, já agora), kebabs em todas as esquinas e abertos provavelmente 20h por dia tornam difícil resistir Lol

Depois da barriguinha cheia, siga pra bingo. É hora de ir sair.
Elas, independentemente da temperatura que esteja, estão SEMPRE de vestido curto e de/ou sem alças. Faça Sol, esteja a chover, esteja a nevar, estejam 30 graus ou -10, não interessa.
Cabelo com extensões é um must, pestana falsa idem, unha de gel nem se fala e quilos de base é obrigatório. As primeiras duas bebidas normalmente são sempre pagas por elas (se saem com amigas), as restantes são pagas pelos rapazes que estiverem no mesmo local. 80% deles não saem com quem inicialmente entraram, se é que me faço entender.
Cheguei à conclusão que não se trata de auto-estima (achava eu que era falta dela), mas sim de diferenças culturais. Portugal é muito tradicional (eu incluída. Há coisas que ainda me custam imenso compreender), em Inglaterra o lema é “sexo é bom, sexo é saudável e divertido. Se encontras alguém com quem fazer, porque não?”
É literalmente isto. Um bocado à frente a mais para a minha pessoa mas não julgo quem o faz. E, de facto, as pessoas aqui são felizes. Queixam-se (pouco) mas sorriem. Toda a gente diz OBRIGADA/OBRIGADO. Toda a gente diz POR FAVOR e se não disseres chamam-te à atenção para esse facto. Yes, please ou No, thank you, é obrigatório!

O civismo na estrada é algo como nunca vi antes. Apesar de conduzirem onde querem e bem lhes apetece e fazerem as manobras onde lhes dá mais jeito, TODA A GENTE agradece quando cedes passagem. É comum as estradas terem carros estacionados em ambos os lados e onde só passa um carro de cada vez. Quase que fazem campanha a ver quem cede a passagem primeiro (parecem os Canadianos loool).

Outra coisa que é interessante verificar é que aqui não há o “condutor designado”. Aqui vai tudo de táxi. O carro fica paradinho à porta de casa, até mesmo por questões do seguro que posso abordar num outro dia porque há diferenças significativas! Mas resumidamente, se tens dinheiro para sair, tens que ter dinheiro para o táxi.
E lá fazem fila, no fim da noite, ordeiramente, e existem pessoas (é uma profissão, na verdade) que organizam as pessoas nessa fila e as encaminham para o seu táxi. Nesta altura da noite, é tipo feira do relógio quando toda a gente foi embora… A maquilhagem completamente esborratada, um olho para o Rossio e outro para o Cais do Sodré. Sapatos? Aaahhh, amanhã compra-se outro par (sim, elas andam descalças na rua). E os kekabs. Normalmente a esta hora está tudo a comer kebabs ou hamburgers. Nham nham.


Mas hoje ainda é quinta-feira. E eu ando sempre de ténis ;)




Monday, 17 February 2014

6 Months

6 months ago today I landed in England.

It was so hot in Lisbon that day. Temperatures were around 35ºC.

I sold pretty much everything I had before leaving. With me just a broken heart from stuff that happened a couple of months before, my favorite pair of shoes and some clothes to keep me going.

Everything else? Gone. My best friend came to my house a few days earlier to help me pack everything in boxes whilst worrying that I was throwing away, selling or donating to charity things I would miss at some point.

I was numb at the time. Wasn't thinking straight, wasn't feeling anything and she knew that. It was a dark time for me. So she became my eyes, thoughts and feelings and kept some of my things for the future. As best friends do. Even if I didn't wanted them at the time, I would in the future because the person sitting next to her packing and donating her life away wasn't me.

I gave up everything. I decided this would be a fresh start and tried not to look back.

Leaving my little princess, my life, my family, my friends, my safe haven and going towards the unknown was a mix of emotions that I can’t exactly describe. 

I had never sat foot in England before, I had no idea if I would fit in, if I would be happy… In my heart I felt that this was the path God created for me and if He tells me “Go that way”, I will, no questions asked.

Went to say goodbye to my nan, I hold onto her so tight and we both cried. My nana is my absolute world and leaving her is like losing a part of me!

Passed through the airport security crying my eyes out. I remember looking back and see Marta crying… In that moment, I’m not sure how, I just carried on walking. At that stage of my life, if I could even believe in a ray of light at the end of the tunnel, she is one of the reasons why. You’re the best! You’re so special to me, you’re my sister and I THANK YOU for all you’ve done and still do! I'll never be able to thank you enough… For all the hours you heard me sobbing and losing my mind… For all the hours that you just had to talk and I listened because all I could was cry instead of speak… You know how much of a positive impact you have in my life! You are so special..!

When I landed it was already dark. My flight wasn’t direct, had to go through Madrid first – where it was even hotter – and as soon as I left the aircraft I was confronted to the good old English weather. 16ºC less than Lisbon. I admit it, it was hard. 

My friend Fábio who I haven’t seen in about maybe two years, went to pick me up.

Obviously I was going to enter by the left side which is the side English drivers seat and it confusing but funny at the same time. 10 minutes after being in England I felt at home. Can’t really explain it. The stress fade away, the tears that were with me since I'd left Lisbon (my face looked like shit, basically) stopped and I was embraced by a feeling of peace and calm.


Ever since then I have cried, I’ve laughed, I felt my heart so warm but I’ve also felt it being broken again. Is it easy to be away? No. If I regret it? No.

Since I’ve moved I’ve danced alone in the rain. Just me, my iPod, cold, rain and an empty street. To me it was perfect. It wasn't until later that I found about about CCTV… Awkward! Lol


Since I moved I realized that despite the fact that I can make myself understand in English does not necessarily mean that I know how to speak English. Some expressions or sentences when translated from Portuguese to English can be extremely misunderstood. Sometimes, shit happens over it and in other moments leaves us in tears from so much laughter!

I found out that apparently I look American or Canadian (and they don't look very friendly at that point) and when I say I'm from Portugal, there are smiles everywhere and the first word is always "Algarve!!!" or "Ronaldo!!".

6 months have passed and I found out that there are people who will always be with me. Those who are also in a different country but worry enough to try and find out if I'm ok; those who send text messages to my phone and that continue to prove that the distance doesn’t matter in a friendship. Friends who expected that I didn't like England so I'd go back. And I do go back but just for a few days so I can then return to my new home.

I'm happy here. I'm still a bit "lost" but with time and with the wonderful people I have around me, I know I will achieve my goals and achieve that inner peace that I’ve always wanted but for some reason, never found. 6 months passed and so much has happened! And I know so much will still happen. Honestly? I cannot wait for the next 6 months.

To all my friends, all my family that proved to be the best family I could ever ask for ... THANK YOU! I love you with all my heart!

To my best friend Carina: I cannot even put into words ... You understand me like no one else , you give me strength that I think you’re not really aware of, you're always there whether comes the rain or the sun, tsunamis or whatever! If a day is harder , just to hear you say " ... Hmmppfff Gaaaajjaaaaaa! " I instantly start to smile and we both laugh. You are everything! Not worth explaining a lot because there are things that can’t be explained... Inseparable for 6 years now and let 50 more come so we can continue to have mixed conversations that no one else can understand.  

To my family that has and continues to do a huge effort to help me... They are simply the best family anyone could ask for and I appreciate you all so much for what you’re doing! What you’ve been doing for me and Diana cannot be placed into words and even if I could they would never do justice... I love you!

A special thank you to Fabio who is a fantastic person. Running out of words on this one... It is a privilege for me to be your friend and be a part of your life. You really are a rare breed! We need more people like you in this world.


This is my first letter. My first public outburst.

From here on I'll take you all with me on this journey. I will probably tell you sad and happy stories. I'll share what's happening on 
Her Majesty's territory and you'll live this with me.
Welcome to my life in Brizzle. Enjoy the ride.

Clifton Suspension Bridge (image credits to redspottedhanky.com)

6 Meses

6 meses. Faz hoje 6 meses que saí de Portugal e vim para Inglaterra. 

Um bafo impossível, estavam cerca de 35ºC nesse dia… Vendi tudo o que tinha, na mala apenas trazia um coração desfeito por situações que tinham acontecido na minha vida, os meus sapatos preferidos e alguma roupa. Larguei tudo. Um novo começo e tentei não olhar para trás. Deixar a minha princesa, a minha vida, a minha família, os meus amigos, o meu porto de abrigo e ir em direcção ao desconhecido foi um misto de emoções que não consigo descrever com exactidão. Nunca tinha posto um pé em Inglaterra antes, não fazia a mínima ideia se me ia adaptar, se ia ser feliz… No meu coração apenas sentia que era o caminho que Deus tinha traçado para mim e se Ele me diz que o caminho é esse, eu vou.

Fui despedir-me da minha avó, agarrei-me a ela com tanta força e chorámos as duas. A minha avó, significa o Mundo para mim! Deixá-la, é largar um grande pedaço de mim!
Passei a segurança do aeroporto lavada em lágrimas. Lembro-me de olhar para trás e ver a minha amiga Marta a chorar… Naquele momento andei para a frente não sei muito bem como. Naquela fase da minha vida, se eu conseguia sequer acreditar numa luz ao fundo do túnel, é a ela que devo muito do apoio. És a melhor, gaja! És super especial para mim, és minha irmã e OBRIGADA por tudo o que fizeste e continuas a fazer! Nunca te conseguirei agradecer o suficiente… Por todas as horas que me ouviste a chorar, a desabafar, a enlouquecer… Pelas horas em que apenas falavas e eu ouvia porque só chorava e não conseguia dizer nada… Tu sabes o bem que fizeste em mim! És tão especial…! 

Aterrei já de noite… Fiz escala em Madrid - onde ainda estava mais calor – e assim que saí do avião fui confrontada com a diferença de temperatura. 16ºC a menos. Custou, admito.

O Fábio, quem eu já não via há cerca de 1 ano e tal/dois, foi-me buscar. Claro que ia entrando pelo lado errado e estar de pendura no sítio onde devia estar a conduzir, foi, no mínimo, confuso mas ao mesmo tempo engraçado. 10 minutos depois de estar com ele, senti-me em casa. Não consigo explicar. Os nervos, as lágrimas que me acompanhavam desde que saí de Lx (sim, tinha a cara que parecia uma bolacha defeituosa), pararam e senti uma paz e uma calma interior que tomou conta de mim.

Desde aí já chorei, já ri, já senti o coração quente e já o senti a desfalecer também. Se é fácil estar longe? Não! Se voltava atrás? Também não.

Desde que cheguei já dancei à chuva. Eu, o meu iPod, frio, chuva e uma rua vazia. E, para mim, foi perfeito. Só mais tarde é que me apercebi que há câmaras de vigilância na rua em muitas zonas da cidade… Lol 

Desde que cheguei, descobri também que o “falar inglês” não significa necessariamente que saibas falar inglês e isso trouxe-me alguns dissabores… Expressões ou frases que traduzidas à letra de PT-ING podem ser extremamente mal interpretadas. Em certos momentos, pode dar merda. Noutros, gargalhadas que te deixam em lágrimas de tanto riso!
Descobri que aparentemente tenho ar de Americana ou Canadiana (e não fazem caras de muito amigos) e quando eu digo que sou de Portugal, é sorrisos por todo o lado e a 1ª palavra é sempre “Algarve!!!” Lol

6 meses passaram e descobri que há pessoas que vão estar sempre comigo. Aqueles que estão também fora de Portugal e num País diferente do meu mas se preocupam em saber se estou bem, aqueles que me mandam mensagens para o telemóvel e que continuam a provar que a distância não interessa numa amizade. Que esperavam que eu não gostasse de Inglaterra para poder voltar… E volto. Mas só por uns dias para voltar à minha nova casa.

Sou feliz aqui. Ainda estou meia “perdida” mas com tempo e com as pessoas maravilhosas que tenho a meu lado, sei que vou conseguir atingir os meus objectivos e a paz interior que sempre procurei mas que, por algum motivo, nunca encontrei. 6 meses passaram e tanta coisa aconteceu! E sei que tanta coisa ainda vai acontecer. Sinceramente?? Estou ansiosa pelos próximos 6 

A todos os meus amigos, a toda a minha família que provou ser a melhor família que eu alguma vez poderia pedir… OBRIGADA! Amo-vos do fundo do coração!

À minha melhor amiga, Carina: Nem consigo por em palavras… Compreendes-me como ninguém, dás-me uma força que acho que nem tu tens noção do quanto, estás SEMPRE lá faça chuva ou faça sol, haja trovoada, tsunamis ou whatever! Se um dia é mais difícil, basta ouvir-te dizer “Hmmppfff… Gaaaajjaaaaaa!” para sorrir instantaneamente e começarmos as duas a rir. És tudo, gaja! Nem vale a pena explicar muito porque há cenas que não se explicam… Inseparáveis há 6 anos e que venham mais 50 a ter conversas misturadas que ninguém percebe!  

À minha família que tem feito um esforço em conjunto para me ajudarem… São simplesmente a melhor família que alguém poderia ter e valorizo-vos muito! O que têm feito por mim e pela Diana, não pode ser posto em palavras e mesmo que pudesse nunca fariam jus à real dimensão… Amo-vos!

Um special thank you ao Fábio que é uma pessoa fantástica. Pfff.. Faltam-me as palavras…! Acredita, é um privilégio para mim, ser tua amiga e estar na tua vida. És mesmo uma raça rara! Fazem falta mais pessoas como tu no Mundo. 



Esta é a minha primeira carta. O meu primeiro desabafo público. A partir daqui vou levar-vos a todos nesta viagem. Vou contar-vos histórias tristes, histórias alegres. Vou partilhar o que se passa em terras de Sua Majestade e vocês vão viver esta história comigo. Bem-vindos à viagem da Sofia em Bristol. Enjoy the ride! ;)


Clifton Suspension Bridge (image credits to redspottedhanky.com)