Monday, 17 February 2014

6 Meses

6 meses. Faz hoje 6 meses que saí de Portugal e vim para Inglaterra. 

Um bafo impossível, estavam cerca de 35ºC nesse dia… Vendi tudo o que tinha, na mala apenas trazia um coração desfeito por situações que tinham acontecido na minha vida, os meus sapatos preferidos e alguma roupa. Larguei tudo. Um novo começo e tentei não olhar para trás. Deixar a minha princesa, a minha vida, a minha família, os meus amigos, o meu porto de abrigo e ir em direcção ao desconhecido foi um misto de emoções que não consigo descrever com exactidão. Nunca tinha posto um pé em Inglaterra antes, não fazia a mínima ideia se me ia adaptar, se ia ser feliz… No meu coração apenas sentia que era o caminho que Deus tinha traçado para mim e se Ele me diz que o caminho é esse, eu vou.

Fui despedir-me da minha avó, agarrei-me a ela com tanta força e chorámos as duas. A minha avó, significa o Mundo para mim! Deixá-la, é largar um grande pedaço de mim!
Passei a segurança do aeroporto lavada em lágrimas. Lembro-me de olhar para trás e ver a minha amiga Marta a chorar… Naquele momento andei para a frente não sei muito bem como. Naquela fase da minha vida, se eu conseguia sequer acreditar numa luz ao fundo do túnel, é a ela que devo muito do apoio. És a melhor, gaja! És super especial para mim, és minha irmã e OBRIGADA por tudo o que fizeste e continuas a fazer! Nunca te conseguirei agradecer o suficiente… Por todas as horas que me ouviste a chorar, a desabafar, a enlouquecer… Pelas horas em que apenas falavas e eu ouvia porque só chorava e não conseguia dizer nada… Tu sabes o bem que fizeste em mim! És tão especial…! 

Aterrei já de noite… Fiz escala em Madrid - onde ainda estava mais calor – e assim que saí do avião fui confrontada com a diferença de temperatura. 16ºC a menos. Custou, admito.

O Fábio, quem eu já não via há cerca de 1 ano e tal/dois, foi-me buscar. Claro que ia entrando pelo lado errado e estar de pendura no sítio onde devia estar a conduzir, foi, no mínimo, confuso mas ao mesmo tempo engraçado. 10 minutos depois de estar com ele, senti-me em casa. Não consigo explicar. Os nervos, as lágrimas que me acompanhavam desde que saí de Lx (sim, tinha a cara que parecia uma bolacha defeituosa), pararam e senti uma paz e uma calma interior que tomou conta de mim.

Desde aí já chorei, já ri, já senti o coração quente e já o senti a desfalecer também. Se é fácil estar longe? Não! Se voltava atrás? Também não.

Desde que cheguei já dancei à chuva. Eu, o meu iPod, frio, chuva e uma rua vazia. E, para mim, foi perfeito. Só mais tarde é que me apercebi que há câmaras de vigilância na rua em muitas zonas da cidade… Lol 

Desde que cheguei, descobri também que o “falar inglês” não significa necessariamente que saibas falar inglês e isso trouxe-me alguns dissabores… Expressões ou frases que traduzidas à letra de PT-ING podem ser extremamente mal interpretadas. Em certos momentos, pode dar merda. Noutros, gargalhadas que te deixam em lágrimas de tanto riso!
Descobri que aparentemente tenho ar de Americana ou Canadiana (e não fazem caras de muito amigos) e quando eu digo que sou de Portugal, é sorrisos por todo o lado e a 1ª palavra é sempre “Algarve!!!” Lol

6 meses passaram e descobri que há pessoas que vão estar sempre comigo. Aqueles que estão também fora de Portugal e num País diferente do meu mas se preocupam em saber se estou bem, aqueles que me mandam mensagens para o telemóvel e que continuam a provar que a distância não interessa numa amizade. Que esperavam que eu não gostasse de Inglaterra para poder voltar… E volto. Mas só por uns dias para voltar à minha nova casa.

Sou feliz aqui. Ainda estou meia “perdida” mas com tempo e com as pessoas maravilhosas que tenho a meu lado, sei que vou conseguir atingir os meus objectivos e a paz interior que sempre procurei mas que, por algum motivo, nunca encontrei. 6 meses passaram e tanta coisa aconteceu! E sei que tanta coisa ainda vai acontecer. Sinceramente?? Estou ansiosa pelos próximos 6 

A todos os meus amigos, a toda a minha família que provou ser a melhor família que eu alguma vez poderia pedir… OBRIGADA! Amo-vos do fundo do coração!

À minha melhor amiga, Carina: Nem consigo por em palavras… Compreendes-me como ninguém, dás-me uma força que acho que nem tu tens noção do quanto, estás SEMPRE lá faça chuva ou faça sol, haja trovoada, tsunamis ou whatever! Se um dia é mais difícil, basta ouvir-te dizer “Hmmppfff… Gaaaajjaaaaaa!” para sorrir instantaneamente e começarmos as duas a rir. És tudo, gaja! Nem vale a pena explicar muito porque há cenas que não se explicam… Inseparáveis há 6 anos e que venham mais 50 a ter conversas misturadas que ninguém percebe!  

À minha família que tem feito um esforço em conjunto para me ajudarem… São simplesmente a melhor família que alguém poderia ter e valorizo-vos muito! O que têm feito por mim e pela Diana, não pode ser posto em palavras e mesmo que pudesse nunca fariam jus à real dimensão… Amo-vos!

Um special thank you ao Fábio que é uma pessoa fantástica. Pfff.. Faltam-me as palavras…! Acredita, é um privilégio para mim, ser tua amiga e estar na tua vida. És mesmo uma raça rara! Fazem falta mais pessoas como tu no Mundo. 



Esta é a minha primeira carta. O meu primeiro desabafo público. A partir daqui vou levar-vos a todos nesta viagem. Vou contar-vos histórias tristes, histórias alegres. Vou partilhar o que se passa em terras de Sua Majestade e vocês vão viver esta história comigo. Bem-vindos à viagem da Sofia em Bristol. Enjoy the ride! ;)


Clifton Suspension Bridge (image credits to redspottedhanky.com)

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